26 de junho de 2011

01/02/11.

Os olhos concentrados se movem tão rapidamente quanto a mão que desenha. Sentada no canto da sala, Bárbara se divide entre prestar atenção na aula de biologia e rabiscar numa folha em branco.
Não parece uma coisa qualquer, ela não faria traços tão precisos por um simples coração. Aquele tinha afinco e ternura. Enquanto o grafite se gasta, ela declara o seu amor.
Pergunto-a o que tanto faz em vez de prestar atenção na aula. Rapidamente, tal qual um bicho fugindo do predador, ela esconde a folha. Solto um sorriso de escárnio e pressiono, afinal ela nunca consegue esconder nada de mim. Me entrega a folha e abaixa a cabeça, envergonhada não sei do quê.
Para muitos, aquilo era só um nome com um boneco mal desenhado ao lado. Eu vi além, eu vi junto dela. Enxerguei a paixão em cada ponto de cor do desenho, foi como se eu sentisse os batimentos cardíacos acelerados quando ela o via. Ali tinha magia, e das fortes, amor. Embora para muitos ela não exista, é real. E aquele desenho era o modo de dizer que se importava e queria bem, não era trivial.
Devolvi com um sorriso significativo e ela corou.

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